O QUE É SANTIFICAÇÃO?
“Segui a paz com todos, e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor.”
Infelizmente
grande parte da igreja dita “evangélica” da atualidade está caindo em
descrédito. Os vários escândalos ocorridos confirmam que em muitos ambientes
evangélicos a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente
desconectados da vida cristã. Com isso, percebemos a superficialidade de muitos
que se dizem cristão e, ao mesmo tempo, envergonham o evangelho de Jesus
Cristo. Estes provam que não conhecem a Deus e desconhecem o sentido da palavra
santificação.
A
santificação envolve todas as áreas da vida do cristão, por isso é um assunto
de máxima importância.
O que é
santificação?
Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados
em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez
mais para o pecado e a viver para a retidão. Santificação é algo interno que
deve encher nosso coração, o centro de nosso ser, e é algo externo que deve
transbordar sobre cada detalhe de nossas vidas.
Em 1 Tessalonicenses 5:23
diz: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito,
e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo”. 1
Ser santo é
viver de forma diferente das pessoas que não conhecem a Deus, é ser separado do
mundo mesmo vivendo nele. É ser cada vez mais semelhante a Cristo.
Começarei
definindo o que não é a verdadeira santificação. Abaixo falarei sobre o
formalismo externo e a manifestação de dons do Espirito Santo que não podem ser
tomados, isoladamente, como um sinal de santidade.
Formalismo
externo:
Santidade
não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de
regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é só ouvir
música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol. Não é viver
jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos,
santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem.
Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a
raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma
dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com
seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a
carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais
coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de
falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a
sensualidade” (Colossenses 2.23). (Augustus Nicodemus)2
Manifestação
de dons do Espirito Santo:
A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações
carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo
aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons
espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais
se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja
onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros
estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade,
culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e
pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que
eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). Não estou
negando as manifestações espirituais. Creio que Deus é Deus. Contudo, Ele mesmo
nos mostra na Bíblia que manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo
através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou
enfermos e ressuscitou mortos (Mateus 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus
irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniquidade, mesmo que eles
tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23). (Augustus
Nicodemus)2
A
santificação é assunto bastante amplo, há uma série de princípios cruciais que
deveriam ser abordados, mas discorrerei apenas sobre alguns: 3
1- A
santificação é o invariável resultado da união vital com Cristo, que a
verdadeira fé confere a um crente: “Eu sou a videira, vós as varas; quem
está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazer”(João 15.5). O ramo que não produz fruto não faz parte da videira
como uma porção viva. A união com Cristo que não produz qualquer efeito sobre o
coração e a vida não passa de uma união meramente formal, indigna diante de
Deus. A fé que não envolve uma influência santificadora sobre o caráter da
pessoa não é melhor que a fé dos demônios. É uma fé morta e não a fé dos
eleitos. Onde não há santificação da vida, não há fé real em Cristo.
2- A
santificação é o resultado e a consequência inseparável da regeneração. Aquele
que nasceu de novo e foi feito uma nova criatura, recebe uma nova natureza e um
novo princípio, e passar a viver uma nova vida. Uma regeneração que permite que
o homem viva descuidadamente no pecado ou no mundanismo é uma regeneração
inventada por teólogos sem inspiração, mas jamais mencionada nas escrituras.
Pelo contrario, João diz que “todo aquele que permanece nEle não vive pecando”,
“pratica a justiça”, “ama seu irmão”, “vence o mundo” (1 Jo 3.6, 2.29, 3.9-14,
5.4-18). Onde não há uma vida santa, também não há novo nascimento.
3- A
santificação é uma evidência indiscutível da presença habitadora do Espirito Santo,
algo essencial à salvação. “E se alguém não tem o Espirito de Cristo, esse tal
não é dEle” (Rm 8.9). O Espírito nunca jaz dormente e ocioso numa alma, mas
sempre torna sua presença conhecida pelo fruto que faz brotar no coração, no
caráter e na vida do crente.
4- A
santificação é algo que sempre será visto. Toda arvore é reconhecida pelo seu
próprio fruto (Lc 6.44). Uma pessoa verdadeiramente santificada por ser tão
humilde que nada veja em si mesma, senão fraqueza e defeitos. Mas os outros
sempre verão nele um caráter e um hábito de vida diferente dos outros homens.
Um “santo” em quem coisa alguma pode ser vista, senão mundanismo e pecado
contínuo, é uma espécie de “monstro” que a Bíblia não aprova.
5- A
santificação é algo que depende em muito do uso diligente dos meios bíblicos.
Quando falo em “meios”, tenho em vista a leitura da bíblia, a oração privada, a
adoração pública, o ouvir constantemente da Palavra de Deus e a participação na
Ceia do Senhor. Deus opera através desses meios e Ele nunca abençoará uma alma
que finja ser tão elevada e espiritual que possa dispensar esses exercícios,
como se eles fossem desnecessários.
É preciso
deixar claro que todo cristão, mesmo após a verdadeira conversão, luta contra o
pecado. A santificação não impede que um homem experimente o intenso conflito
espiritual entre as naturezas antigas e a nova, entre a carne e o espirito (Rm
7.15-19). Algumas vezes o cristão perde essa luta e peca. “Se dissermos que
não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.” (1 João 1:8).
Mas o cristão verdadeiro não vive pecando, pelo contrário, ele abomina o pecado
porque sabe que isso desagrada a Deus. E toda vez que ele peca há verdadeiro arrependimento,
regado por profunda tristeza e amargura.
“Cristo
sofreu em vosso lugar, deixando-vos o exemplo para seguirdes os seus passos” (1
Pe 2.21).
Chega de
superficialidade, precisamos urgentemente de santidade, pois sem santidade
ninguém poderá ver ao Senhor!
Fontes:
1 - A
Visão Puritana da Santidade - Joel Beeke
2 -
Augustus Nicodemus, via Facebook
3 –
Santidade: Sem a qual ninguém verá o Senhor – J.C. Ryle
Por: Lilian Alexandre
A Paz do Senhor,
ResponderExcluirRealmente devemos buscar a verdadeira Santificação, para assim sermos verdadeiros Cristãos, representantes de Cristo, transformados pelo poder de Deus.
Que todos sejam abençoados.
Anderson Dias