ENQUANTO OS AMADOS DORMEM

Silêncio no jardim! Gorjeios, assobios, relinches, pios, uivos e todo o som da fauna por um momento entrou em recesso. Nada poderia perturbar o sono daquele que tempos antes dera nome a cada um dos bípedes e quadrúpedes viventes. Num inusitado repente, Adão sentiu-se sem condições de manter-se ereto e desfaleceu sonolento, quase mórbido.


Fico a pensar se algum daqueles seres conseguiu assistir pela fresta de alguma árvore à primeira cirurgia que se realizava no mundo: Enquanto Adão dormia, as mãos do Criador o modelava. Desenhava com a perfeição de um escultor o que seria o protótipo de uma adjutora, esculpida de um pedaço da costela do varão, sob medida para preencher o vazio que nenhum ser havia preenchido até aquele momento. Abriu-lhe e fechou-lhe. Nao deixou cicatriz. Nenhuma sequela. E o fez novamente despertar para uma bela realidade. Como se tivesse vendado-lhe os olhos por algum momento para entregar-lhe um maravilhoso presente...






*    *    *


Silêncio no cárcere! Dezesseis soldados, militados na mais beligerante centúria romana, escoltavam com zelosa bravura o condenado Pedro, que na manhã seguinte desvaneceria sob à espada de César. Nao muito longe dali, um grupo de subersivos tentava o último apelo aos céus, pedindo àquele Jesus, que não muito antes daquele dia havia ascendido aos céus, que poupasse o intrépido Pedro da inexorável sentença.

Ocorria que, alienado às súplicas dos devotos na casa de Maria e à sede de sangue dos guardiões romanos, Pedro simplesmente dormia! Zombava do medo da morte. Tripudeava sobre o espanto, natural em qualquer mortal condenado a morrer na manhã seguinte. Confinado no corredor da morte, ao invés do terror, Pedro preferia dormir o sono dos justos.  Nada seria capaz de profanar o seu merecido descanso, seja lá o que acontecesse no dia do seu extermínio. Dormia tão profundamente que precisou ser acordado bruscamente pelo hábil e sutil ministro das míriades celestiais, enviado especialmente para trabalhar pela sua liberdade enquanto o apóstolo dormia. E quando se deu conta, já estava livre, causando espanto na apavorada Róde.




*    *    *


Reflexões ao acaso: Pedro e Adão um dia adormeceram. E enquanto dormiam, nao sabiam, mas a mão e os olhos do Criador velavam por eles. O Deus que conhecia a ambos nao tosquenejou. E deu-lhes o direito de descansar enquanto Ele mesmo trabalhava em prol de seus amados. Nao adiantaria a ansiedade. De nada ajudaria o nervosismo, a insônia, a culpa, o medo da morte, o medo da solidão, a sensação de abandono. Restava-lhes simplesmente descansar à sombra do Onipotente. Descansar de maneira superlativa: adormecer! E depois de acordados, assistir ao produto da açao de Deus, em tempos de confiante descanso.

Às vezes é necessário simplesmente dormir! Apresentar a Deus nossas súplicas e abandoná-las aos cuidados dAquele que desde a antiguidade trabalha para aqueles que nEle espera. Dormir na confiança, dormir na certeza de que Ele não é indiferente às necessidades e anseios dos Seus amados. Ficar em silêncio e deixar que simplesmente os olhos e as mãos do Pai velem e trabalhem por nós, pois Ele dá aos Seus amados enquanto dormem. (Salmos 127.2)



No mais sublime Agape,
Gilson Hermsdorff
Coord. Setorial de Adolescentes
Ministério Madureira - Itapevi - SP
 

Comentários

  1. A paz...

    Gilson, mensagem inspirada por Deus.....maravilhosa....que Deus continue te abençoando...

    Att...
    Everton Estrela

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  2. Gilson,

    A paz do Senhor.

    Que bela mensagem!

    Deus continue te inspirando com textos tão belos.

    Abraços,

    Andeilson Gomes

    ResponderExcluir

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