INDÍCIOS DE VERÃO

"Passou a sega, findou o verão e nós não estamos salvos". (Jeremias 8.20)


Haiti, 13 de janeiro de 2010. Nao se podia dizer com precisão qual era o número exato de vítimas que mais um cataclismático terremoto havia feito naquela paupérrima nação. Falava-se em 100 milhões de vítimas fatais. Pelas ruas fétidas de Porto Príncipe, o flagelo denunciava a flagrante destruição. O mundo assistiu assombrado a mais um movimento das placas tectônicas, que desde o começo dos anos 90 já tinham feito estragos por mais de 20 vezes desde a Asia à América. E nao ficaria só nisso. Como se nao bastasse o tremor na Argentina, na Guatemala, em El Savador, dessa vez o Chile é quem seria o palco de mais um cenário apocalíptico que deixou 802 vítimas fatais. Mas o mundo nao parou! O capitalismo continuou freneticamente galopante, a serviço do afã natural dos homens de ter e ter muito mais ainda!


Brasil, 19 de janeiro de 2009. Estréia em horário nobre na Rede Globo a novela Caminho das Índias. E dessa vez a licença poética extrapolou todos os limites da verossimilhança. A paisagem deplorável do Ganjes foi transformada em cenário paradisíaco do amor entre os protagonistas. A opulência dos brâmanes ganhou tom de suavidade. As castas miseráveis bem menos reconhecidas que os dálitis não foram abordadas. E a fome que atinge aos 30 milhões de flagelados na Índia não ganhou cor na aquarela global. Fome que atinge pelo menos 1,2 bilhão de pessoas no mundo. O cavalo amarelo do Apocalipse não tem se cansado de seus galopes continentais. Em tempos de alimentos genéticamente modificados, a profecia de Malthus que o mundo seria tão populoso, que a comida nao seria suficiente pra todos, teve seu cumprimento cabal em terras onde o petróleo e o ouro não compensam a carestia de alimentos básicos. Milhões procuram no lixo qualquer resquício alimentar que sane uma demanda crucial. Enquanto isso, outros milhões são gastos em fantasias que perdem seu valor numa quarta-feira de cinzas. É a falta de calor humano sendo suplantado pelo calor da eufórica apoteose do prazer.


Alemanha, 10 de novembro de 1989. A cortina de ferro construída para dividir o mundo entre socialista e capitalista era violentamente rasgada. O muro de Berlim simbolizava a remanescência da Guerra Fria e sua queda poria fim pra sempre às guerras no mundo. Irônica utopia! O que se viu depois disso foram mais de 100 guerras entre etnias, povos e raças. A queda do muro resolveu o problema da divisão geográfica mas nao foi capaz de unir os corações cheios de ganância e cobiça das nações pós-modernas. E foi por isso que o Oriente virou uma arena bélica. Que a Africa virou uma mãe frustrada tendo que resolver os conflitos dos próprios filhos em suas guerras tribais. Foi por isso que os homens bombas transformaram Maomé no mentor intelectual da guerra. Foi por isso que o 11 de setembro entrou pra história como o dia em que um bode com um chifre insigne entre os olhos feriu os dois chifres do carneiro e o jogou no chão, conforme profetizou Daniel (Dn 8.3-7).
Mas o cavalo preto do Apocalipse parece que ainda verte sangue dos olhos. A sede de poder e imperialismo ainda nao foi saciada em tempos de globalização. O mundo é um barril de pólvoras prestes a explodir. Os mais de 100 milhões de pessoas mortos em guerras no século XX parece ainda nao ter sido suficiente para conter a fúria do monstro do ódio que é dia a dia alimentado nos corações dos homens. E de que vale uma vida se outras iguais podem ser geradas em laboratórios?



México, 27 de abril de 2009. Nos hospitais ninguém sabia diagnosticar o que era aquela praga que até então já tinha feito 149 vítimas em todo o país. Desde a gripe esplanhola  nenhuma peste havia sido tão fulminante. E aos poucos se alastrou malignamente pelos Estados Unidos, Canadá, Espanha, Grã Bretanha, etc. E logo virou a gripe suína, ou vírus influenza (H1N1). O novo mal pegou carona nos aviões e atingiu todos os continentes recebendo título de pandemia. Em todo o mundo, inúmeras pessoas morreram. O que seria isso? Inssurreição da natureza? Praga? Ou o Cavalo Preto do Apocalipse? Mas ninguém teve tempo de parar pra pensar nisso, porque no segundo seguinte qualquer outra notícia mais interessante afastou pra o silêncio eterno as vozes lúgubres dos mortos. Não houve um minuto de silêncio, o mundo não parou de fazer barulho!


Jerusalém, 29dC. Já fazia 3 anos que aquele intrigante capinteiro começara na pratica da oratória. As massas eram facilmente atraídas, ora pelos seus milagres, ora pelo pão que ele multiplicava ou simplesmente para ouví-lo falar com a autoridade que nenhum outro havia falado antes. Mas desta vez ele discursava a um grupo muito seleto de discípulos. Cada palavra deveria suscitar pavor nos ouvintes. Afinal o assunto em pauta era o fim do mundo. O conselho de Cristo era pra que seus discípulos estivessem alerta porque num dia qualquer, o monte sobre o qual estavam pisando poderia virar  fagulha e nao haveria pedra sobre pedra que nao seria derribada. Mas antes desse cataclismo, sinais precederiam o fim. Terremotos, pestes, fome, pragas, esfriamento do amor e o narcisismo seriam os sinais que anunciariam o fim de tudo, tal qual as folhas quando nascem nas figueiras, anunciam o advento do verão: "Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas". (Mateus 24.32,33).


Planeta Terra, Hoje. O amor de muitos se esfriou, a concupscência aumentou, o mundo tremeu, a natureza se convulsionou, a ciência se multiplicou, os cavaleiros do apocalipse já selaram seus equinos, a fome virou moléstia, as pestes já dominaram a Africa, o dinheiro virou protagonista, o amor livre virou moda em horário nobre, os pobres foram trocados por um par de sapatos, os levitas penduraram as harpas nos salgueiros, os profetas se deixaram levar pelo prêmio de Balaão, o poder na igreja virou antropocêntrico, o pecado virou entretenimento, o homem virou predador da própria espécie...


Planeta Terra, há qualquer momento. Tudo isso é princípio do fim. Quem olhar atentamente pra o mundo ao seu redor com olhar de cidadão do céu, há de perceber um vulto pairando no ar. Um vento veronil anunciando que qualquer dia desses uma horda angelical há de começar o maior e mais rápido concerto de todos os tempos. Num momentâneo tocar de trombetas, num compasso que durará um abrir e piscar de olhos, o que é mortal será revestido da imortalidade, e aqueles que não se conformam com o mundo em que estão vivendo, hão de desenganar a gavidade para encontrar-se nos ares com Aquele em cuja coxa está escrito "Rei dos reis e Senhor dos senhores".


Há qualquer momento vai começar o Verão que a Igreja Apostólica espera desde o dia em que os anjos profetizaram aos varões galileus que um dia Ele voltaria.


Tudo o que acontece hoje é sinal. É indício. É alerta. A figueira está florida. E os ceifeiros logo vem aí pra separar o trigo do joio. Portanto tenhamos cuidado para que nao estejamos aqui pra ver cumprido em nós o que disse o profeta Jeremias no texto transcrito no cabeçalho desta mensagem, que neste desfecho vale a pena reiterar:


"Passou a sega, findou o verão e nós nao estamos salvos". (Jeremias 8.20)

Gilson Hermsdorff

Comentários

  1. Gilson , linda mensagem.
    Nunca tinha ouvido falar da associação desse texto de Daniel ao atentando de 11 de setembro... curioso... fui ler mais na internet e me surpreendi.

    Abraços,

    Andeilson Gomes

    ResponderExcluir
  2. Amém.
    É sempre bom poder agregar algum valor no Reino!

    Gilson

    ResponderExcluir

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